Por Que Jogos Falhados São Mais Valiosos Que Histórias de Sucesso

Lembro da primeira vez que lancei um jogo — Eclipse: Echoes of Olympus — um título narrativo no Unity com mitologia grega e ritmo emocional. Teve boas críticas, mas desapareceu em semanas. Na época, vi como uma perda. Hoje? É um dos meus projetos mais valiosos.

Por quê? Porque o fracasso ensina o que o sucesso esconde.

A Psicologia por Trás do Fracasso

Formado em design de jogos e psicologia cognitiva (sim, estudei teoria do fluxo na USC), sei que os jogadores não apenas interagem com mecânicas — sentem-nas. Quando um jogo falha, não significa que a ideia era ruim; significa que a conexão emocional não funcionou.

No meu caso, os jogadores amavam a lore, mas achavam o ritmo lento. Isso não era um bug — era uma discrepância entre ambição narrativa e motivação do jogador.

Essa lição? Incalculável.

O Que Jogos de Sucesso Não Ensina

Jogos bem-sucedidos são otimizados para retenção e monetização — mas geralmente seguem padrões seguros: loops familiares, recompensas que acionam dopamina, progressão previsível. São feitos para funcionar, não para evoluir.

Mas jogos falhados? São experimentações sem filtros.

Um protótipo descartado envolvia combate assimétrico onde um jogador controlava Zeus enquanto outros lutavam como mortais usando apenas comandos de voz — sem interface gráfica. Era caótico. Injogável. Mas durante testes descobrimos algo profundo: os jogadores relataram maior investimento emocional quando suas ações eram fisicamente expressivas — mesmo perdendo.

Esse momento me levou a explorar jogabilidade corporificada em projetos futuros — agora central em meu trabalho com interações em VR.

Inovação Vive em Projetos Abandonados

Trabalhei em mais de dez protótipos nunca lançados — alguns eram ambiciosos demais (como um motor de decisões em tempo real que simulava julgamento divino), outros muito nicho (um jogo rítmico focado em meditação baseado em cânticos budistas). Cada um falhou por razões diferentes… mas todos me ensinaram algo vital:

• Como os jogadores reagem sob incerteza,
• Onde a frustração se transforma em engajamento,
• E quando a narrativa deve adaptar-se às mecânicas, e não forçá-las juntas.

Essas lições não estão nos dashboards de análise ou relatórios de testes — surgem de sistemas frágeis tentando ser belos.

O Valor Real Está na Iteração, Não na Perfeição

Estamos treinados para pensar que sucesso é linear: construir → testar → lançar → escalar. Mas inovação real é não linear — bagunçada, recursiva, cheia de becos sem saída.

Meu projeto atual usa árvores dinâmicas de diálogos influenciadas por biometria do jogador (ritmo cardíaco via wearables). É experimental — e arriscado. Mas surge diretamente dos fracassos anteriores onde personagens pareciam estáticos apesar dos roteiros ricos.

even se este também falhar… ele me ensinará mais do que qualquer sucesso poderia.