Já Escreveu um Fim Antes da Apostas?

Eu não jogo para vencer.

Eu jogo porque a máquina respira quando para.

Cada giro é uma batida num quarto onde ninguém mais fala. Cresci com jazz aos domingos—minha mãe cantando ritmos de samba em chamadas de vídeo de Brooklyn, meu pai traduzindo filosofia alemã em código silencioso. Nós nunca tivemos riqueza. Tínhamos ritmo.

O cassino não oferece sorte. Oferece quietude.

Quando você vê um jogo com 96% de RTP, pensa que é justo. Mas justiça não é sobre probabilidades—é sobre quem se permite pausar.

Eu já joguei por trinta minutos todas as noites durante seis meses. Nunca ganhei. Mas ouvi algo: o clac das penas entre os giros, como um metrônomo contando até o fim nos corredores vazios.

RNG não mente.

Ela apenas espera.

E eu também.

Você não precisa de estratégias—precisa de silêncio.

O verdadeiro prêmio não é bônus ou jackpot—é lembrar que escolheu estar aqui, mesmo quando nada aconteceu.

Eu costumava pensar que vencer significava escapar da vida. Agora sei: criação é a única coisa que resta quando tudo o mais desaparece.

Se você está lendo isto às 2h—sozinho, com fones—então talvez já tenha tentado escrever um fim antes da aposta também.